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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Proibido Nascer no Paraíso' se perde em narrativa caótica


Você sabia que é proibido nascer em Fernando de Noronha? Essa lei absurda, e altamente segregacional, está em vigor desde a década de 2000. Surgiu a partir de problemas de infraestrutura no único hospital da região e argumenta que falta cuidados básicos para cuidar de recém-nascidos que exijam demandas. Pra nascer, então, só indo para Recife de avião.


É em cima dessa lei, e dos absurdos que surgem a partir dela, que se debruça o documentário Proibido Nascer no Paraíso. Dirigido por Joana Nin, o longa-metragem fala sobre mulheres, crianças, pais e famílias que são afetados diretamente por essa restrição. A impossibilidade de ver uma nova geração florescer onde a família mora há anos, de alguma maneira, traz dores.


A história dessa lei, por si só, já desperta interesse. É curioso ver como as coisas acontecem em Fernando de Noronha e, principalmente, os efeitos nas famílias. No entanto, uma pena, logo o roteiro do trio Julia Lea de Toledo, Joana Nin e Sandra Nodari se mostra notadamente caótico e confuso. Elas, por boas razões, tentam abraçar histórias demais. Acabam perdidas no caminho.

Teria sido muito mais interessante se tivessem focado em uma grande história, em uma grande narrativa, para o usuário acompanhar com mais assiduidade uma dessas jornadas. Oras, com tantas histórias, ficou até difícil de lembrar o nome das retratadas na tela. No cinema, muitas vezes, também impera o "menos é mais". Do jeito que ficou, difícil acompanhar toda a narrativa.


Por fim, há uma pontada de decepção: o documentário termina com uma informação na tela que é mais absurda, mais revoltante e mais interessante do que tudo que foi contado até ali. Como aquilo não entrou no documentário? Como não acompanharam aquela parte do trâmite? Pode ser que isso exigiria muito mais produção -- logo, mais dinheiro. Mas o ouro da história está ali.


Enfim. Proibido Nascer no Paraíso conta uma história boa, pouco conhecida. Tem boas histórias, sim, assim como bons personagens. Mas poderia ser muito, muito melhor. Mais ágil, com uma edição mais saboroso, com um roteiro mais focado e, acima de tudo, mostrando o que ficou apenas na imaginação. Pelo menos traz algumas boas discussões e reflexões importantes.

 
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