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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Quando Falta o Ar' é filme importante, mas que não vai além


A pandemia de covid-19 se tornou protagonista de um sem fim de filmes. São produções que falam sobre impactos ambientais (The Year Earth Changed), nos esportes (The Day Sports Stood Still) e, é claro, impactos na saúde e em cidades (76 Days, Coronation). Agora, o olhar recai para o cuidado, revelando a face humana da luta coletiva contra a covid-19, em Quando Falta o Ar.


Dirigido pelas irmãs Ana e Helena Petta, o longa-metragem busca falar essencialmente sobre as pessoas que, no Brasil, passaram à margem -- seja do noticiário, da preocupação de políticos ou, é claro, do sistema como um todo. É a senhora que recebe a visita do Sistema Único de Saúde (SUS) em casa, é o trabalho do agente de saúde, é a pessoa que vive afastada de tudo e todos.


Tudo isso passa pelo olhar das Petta, que vão colocando a narrativa concentrada no que essas pessoas da margem tem a dizer. Quando Falta o Ar, assim, logo de cara, já nasce com importância ao falar sobre essas pessoas invisibilizadas e que nunca foram protagonistas de uma crise que as atingiu em cheio e, sem recursos, tiveram que se virar como era possível.

No entanto, o documentário peca no quesito "ir além". Como? Faltou trazer a base disso. O que fez essas pessoas serem invisibilizadas? Como chegaram nesse nível de abstração da pessoa, do ser, do próximo? Faltou a problematização ir além, ser mais profunda. E não apenas com aspectos políticos, apontando o dedo para a omissão, como também para o sistema econômico.


As cineastas parecem confortáveis em apenas contar histórias sem colocar opiniões, sentimentos, ideias e emoções embaralhadas com isso que estão falando. Não precisa ser um cinema de Petra Costa, por exemplo, em que elas confidenciam visões próprias disso. Mas falta esse olhar mais crítico para que o espectador, seja quem for, saia com bagagem social.


Tirando isso, Quando Falta o Ar continua sendo um filme de importância, de engajamento. Fala de pessoas invisibilizadas, dá voz, traz o olhar do público para algo que passou batido. Novamente, faltou um quê a mais, algo que realmente traga um senso crítico ao espectador. Mas, ainda assim, ficamos na torcida para que todos percebam quem está errado na história.

 

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