A italiana Sophia Loren é uma das maiores estrelas do cinema internacional, ficando marcado por seus trabalhos em Um Dia Muito Especial, Arabesque e Duas Mulheres. Agora, depois de onze anos afastada de filmes, Loren volta às telas com Rosa e Momo, drama emocional, forte e potente exclusivo da Netflix e com assinatura de Edoardo Ponti (Desejo de Liberdade) na direção.
Aqui, Loren interpreta Rosa, uma sobrevivente do Holocausto, judia e sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, que tem uma espécie de creche na casa em que mora no litoral da Itália. Ainda que um tanto rabugenta, ela está sempre abrindo sua casa -- e seu coração, por consequência -- para abrigar crianças desabrigadas ou que perderam suas famílias e amigos.
Do outro lado dessa equação, claro, está Momo (Ibrahima Gueye, certeiro na atuação). Sozinho no mundo e vivendo de pequenos delitos, o rapaz senegalês acaba sendo entregue à Rosa como uma última saída. Dessa forma, como é típico de filmes assim, os dois acabam se encontrando e se entendendo a partir de suas histórias, suas dores, seus passados. Enfim, se suportam.
Ponti, que é filho de Loren, sabe conduzir a emoção. A atriz protagonista entrega sua melhor e mais impactante atuação em décadas, enquanto o jovem Gueye faz uma estreia impressionante. Ambos estão bem e se complementam na tela, quase num bailado muito bem coreografado de histórias. A boa química de ambos ajuda a conter Ponti, que insiste num sentimentalismo banal.
Afinal, para um diretor ainda com pouca experiência, é complicado fugir das armadilhas de um filme que apela tanto -- sim, eu sei, é uma história delicada, mas continua sendo um drama de um refugiado com uma sobrevivente do Holocausto. Essa necessidade de Rosa e Momo depender tanto da atuação dos protagonistas acaba emperrando um pouco o filme no geral.
São diversos os momentos em que Ponti exagera na dose, trazendo esse exagero na emoção. Quase fica piegas. No entanto, Loren consegue segurar as pontas e Rosa e Momo, no final das contas, ainda é um bom filme. Emocional, forte, pulsante. Poderia ser um pouco mais ponderado e pé no chão. Mas tudo bem. O que importa aqui é a emoção. E o filme, sem dúvidas, a entrega.
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