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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Sobrenatural: A Porta Vermelha' não assusta e não instiga


Poucas coisas são mais constrangedoras do que a falta de assunto. Você não sabe para onde olhar, nem o que fazer com as mãos. O silêncio incomoda. Você até tenta puxar um assunto aqui e acolá, mas nada funciona: a ausência toma conta junto com o constrangimento. É justamente essa a sensação que perpassa no novo Sobrenatural: A Porta Vermelha, estreia de quinta, 6.


Dirigido e protagonizado por Patrick Wilson (de Invocação do Mal), o longa tem tão pouco a dizer que é até difícil explicar sobre o que é a história. Inicialmente, acompanha Josh (Wilson) com a missão de levar o filho Dalton (Ty Simpkins) até os aposentos da nova faculdade. Eles não se dão bem e, tal qual o filme, também não acham um assunto que os una. O silêncio reina entre eles.


Mas é depois de deixar o garoto na nova casa e ir embora que Josh começa a ver que a vida longe de assombrações está longe de ser apenas um passado distante. Os dois, pai e filho, começam a ter visões assustadoras que distorcem a realidade. Josh está sozinho, sem saber por onde seguir, enquanto Dalton conta com a ajuda apenas da sua nova colega de quarto, Chris (Sinclair Daniel), que tenta compreender melhor o que está acontecendo na vida dessa família.


E é isso. Apenas. Sobrenatural: A Porta Vermelha não tem muito o que dizer depois desse assunto inicial. Após quatro filmes que transitam entre o mediano e o bom, a franquia parece bater de frente contra uma parede da falta de assunto: qual assombração vão colocar na vida dos personagens após, basicamente, resolver essa história em Sobrenatural: Capítulo 2? Não é à toa que os dois filmes seguintes (A Origem e A Última Chave) buscaram novos caminhos.

Dá para perceber que boa parte dos esforços do roteiro de Leigh Whannell (criador de Sobrenatural e Jogos Mortais) e Scott Teems (Halloween Kills) é de trazer até mesmo alguns elementos nostálgicos dentro da trama, mas isso é impossível. A jornada de Josh e Dalton aconteceu há cerca de 10 anos. Será que os estúdios estão tão desesperados por dinheiro a ponto de forçar uma certa nostalgia tão rapidamente? Parece ser inviável realizar algo assim.


Além disso, a estreia de Patrick Wilson na direção não poderia ser mais atrapalhada: além de ter um péssimo material de base, em que o assunto termina antes de começar, há uma completa ausência de senso estético e de personalidade na forma em que dirige. São jumpscares gratuitos e banais, que raramente fazem sentido dentro da história, e que está ali só para assustar – vide o baita susto que ele leva na máquina de radiografia, por exemplo.


As coisas não se sustentam, a história não avança. Sobrenatural: A Porta Vermelha anda em círculos. Com uma hora de filme, chega a bater um desespero: parece que não saímos do lugar, com a história congelada nas mesmas situações. De um lado, Dalton enfrentando seus medos do passado nas aulas de arte. Do outro, Josh tenta entender as alucinações que vive.


Nos 10 minutos finais, quando Wilson e o roteiro decidem correr para que a história tenha algo além da sinopse, o desastre fica ainda mais evidente. Com tão pouco assunto, o filme se aproxima de ser uma paródia de si próprio. Para que você, leitor, tenha uma ideia: um dos personagens enfrenta duramente demônios em uma cena e, logo em seguida, sai feliz de casa dizendo que volta pra jantar na sexta-feira. Parece que nada vivido ali foi real.


Isso sem falar de uma pegada quase religiosa, lembrando filmes espíritas brasileiros, em que antigos personagens voltam e sugerem a existência de uma vida após a morte. Um caos.

 

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