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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Sorte de Quem?', da Netflix, é filme que não consegue ser o que pretende


Você, leitor, que já assistiu ao filme em questão e veio aqui apenas para ler a opinião de um terceiro. Pare e pense: qual a história de Sorte de Quem?. Claro: há um ladrão (Jason Segel) que invade a casa de um milionário para conseguir ganhar algum dinheiro. Há, também, o casal (Jesse Plemons e Lily Collins) que chega e atrapalha os planos do tal assaltante, que precisa lidar com a presença dos dois. Mas o que mais? O que 92 minutos de trama traz além disso?


A resposta: nada. Sorte de Quem?, produção original da Netflix, não significa absolutamente nada além disso: um assalto que dá errado e que se transforma em um sequestro. E olha que há pretensões por parte do diretor Charlie McDowell (do maravilhoso Complicações do Amor), que também assina o roteiro ao lado de Segel e Justin Lader (parceiro de McDowell em Complicações do Amor). Os personagens não têm nomes, só apelidos: CEO, Esposa, Ninguém...


Isso já mostra, de antemão, que a história tenta ser um simulacro do que acontece no mundo real a partir de relações, sentimentos, conversas. Só que não funciona. Raso demais, o roteiro não decola: Sorte de Quem? fica plano, apenas nas intenções, com uma trama que fica buscando o próprio rabo o tempo todo. O personagem de Segel fica nervoso, há alguns embates e tudo volta ao zero. Ele fica nervoso novamente e por aí vai. As coisas não avançam, não mudam.


Há uma tentativa, ali pela metade, de fazer com que a relação entre Segel e Lily Collins ganhe algumas camadas, principalmente por conta da conclusão da história, mas também não há potência para chegar lá. Pelo menos o elenco está realmente muito bem. Segel e Collins são competentes em suas escolhas cênicas, mas é Jesse Plemons (Ataque dos Cães) que rouba a cena. É um acontecimento, uma força da natureza. Ainda bem que temos Plemons no cinema.


Enfim: Sorte de Quem? é uma bobagem. Funciona bem em um campo superficial, principalmente por conta das atuações e da ambientação claustrofóbica, mas não consegue alcançar todas as suas pretensões -- os comentários sociais, as metáforas, as representações cênicas. Ficou pobre demais. Uma pena que McDowell, pela segunda vez depois do também mediano A Descoberta, esteja se perdendo tanto. Precisa voltar às origens de Complicações.

 

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