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  • Bárbara Zago

Crítica: 'Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal' revela outro lado do assassino


Quando os boatos de que Zac Efron (High School Musical) interpretaria o serial killer Ted Bundy no cinema foram confirmados, imediatamente surgiram críticas sobre o quanto o filme iria romantizar um dos assassinos norte-americanos mais famosos da história. Afinal, trata-se de um ator muito atraente e que carrega consigo uma legião de fãs desde que começou sua carreira no musical adolescente da Disney. Apesar de uma tradução brega para o título em português, Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal, dá logo indícios de que, sim, existe uma certa romantização - mas que não está errada.

Com título original mais apropriado, ainda que difícil de decorar, Extremely wicked, shockingly evil and vile, o longa acaba por revelar exatamente como os assassinatos de Bundy foram encarados - tanto que a frase é dita pelo juiz durante o julgamento final. O que na realidade acontece é que o filme se propõe muito mais a contar a história de Bundy a partir da visão da ex-namorada do que a partir dos crimes que cometeu.

Com base no livro The Phantom of Ted Bundy, é muito mais fácil ter empatia com o assassino do que se gostaria. Todavia, aos que se interessam propriamente nos crimes, o melhor a ser feito é assistir a série Conversando com um serial killer: Ted Bundy, de Netflix -- e curiosamente feita pelo mesmo diretor do longa-metragem, Joe Berlinger.

Para aqueles que não estão familiarizados com o assunto, Ted Bundy foi um homem responsável por mais de trinta assassinatos nos EUA durante a década de 1970. No entanto, durante todo o seu tempo preso, afirmava que era inocente e sairia de lá - chegando a confessar seus crimes apenas um dia antes de ir para a cadeira elétrica. O que difere Bundy da nossa imagem de assassinos é justamente sua aparência e charme; com uma arrogância que se tornava atraente, ele sabia o que estava fazendo - além de ser extremamente bonito, daí a excelente escolha ao elencar Zac Efron. Antes de ter seu nome na lista de suspeitos da polícia, ele levava uma vida normal de estudante de Direito e tinha um relacionamento com Liz Kendall, vivida por Lily Collins.

Produzido pela Netflix, o filme é bem feito e torna-se repetitivo somente àqueles que já conhecem a história de Bundy. Efron, apesar de não ter o aspecto de camaleão como o criminoso, faz bem seu papel e raramente deixa a desejar. Os crimes são mencionados somente como acontecimentos, deixando a produção longe de ser sangrenta, como os recente filmes sobre psicopatas O Bar da Luva Dourada ou A Casa que Jack Construiu.

Collins e Efron têm uma boa química, o que ajuda na romantização do personagem. A impressão no filme, aparentemente proposital da parte de Berlinger, é a de que Ted era inocente e que era uma ótima pessoa - afinal estava constantemente se declarando para a namorada -, deixando em segundo plano os assassinatos, que eram brutais e violentos

Mais acessível ao público do que a série por apresentar algo mais fácil de digerir, Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal chega aos cinemas para mostrar que, muitas vezes, a ficção não é tão cruel quanto a realidade. Bundy era um homem esperto, carismático, atraente e autoconfiante - o que lhe permitiu por tanto tempo prolongar seu julgamento, além de conseguir fãs apaixonadas. As aparências enganam e Ted é a prova viva disso.

 

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