Que doloroso, e um tanto quanto trágico, é esse Uma Janela para o Mar, longa-metragem que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 14. Dirigido por Miguel Ángel Jiménez (de Chaika), o longa-metragem conta a história de uma mulher que, mesmo após ter sido diagnostica com câncer, mantém sua previsão de ir viajar com outras duas amigas à Grécia.
Só que, chegando lá, Maria (Emma Suárez) vê sua vida mudar. Ela conhece um pescador grego (Akilas Karazisis), mas que sabe falar espanhol fluentemente, e se apaixonam. E aí Maria fica em um embate: ou volta para a Espanha para continuar seu tratamento quimioterápico ou, então, fica na Grécia com seu novo amor e aproveita seus últimos meses de vida com a nova alegria.
É um embate poderoso que Jiménez consegue, habilmente, colocar na tela. Com boa atuação de Suárez, o longa-metragem ganha camadas poderosas, em termos dramáticos, enquanto vemos essa mulher tão dividida -- o filho e a quimioterapia de um lado, o novo amor de outro. É uma decisão difícil, mas que coloca a personagem numa situação desconfortável e até mesmo nova.
O mais interessante, porém, é como a direção e o roteiro vão trazendo elementos narrativos que compõem Uma Janela para o Mar, indo além apenas de uma história trágica de amor. Não é a tragédia pela tragédia. Honrando as filmagens na Grécia, a história ganha ares mais profundos e de questionamentos filosóficos: o que é a vida, a morte? Como aproveitar até o último suspiro?
São questões que, sem forçar demais, vão brotando aqui e acolá. O final, terno e esplendoroso, apenas mostra isso. Uma pena, porém, que Jiménez dê uma derrapada considerável no ritmo da trama. Lá pela metade, Uma Janela para o Mar se segura apenas com as atuações, deixando a história andar em círculos. Não é interessante, não traz nada de novo. Perde um pouco da força.
Mas, ainda assim, não dá para dizer que essa bela pérola espanhola é desprezível. Pelo contrário. Há uma força escondida nessa história de amor, nesse dilema entre vida e morte -- sendo a vida, justamente, encontrada onde a morte chega ainda mais rápido. Que dilema! Parece até cinema grego. É a Espanha, de novo, mostrando que faz cinema hoje em dia como poucos.
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