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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Crack' é documentário importante da Netflix


Outro dia, na ocasião da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, elogiamos o polêmico Cracolândia — bom filme de Edu Felistoque que busca respostas para a região da Cracolândia na cidade. Agora, outro filme se debruça sobre a questão grave das drogas. É Crack: Cocaína, Corrupção e Conspiração, documentário original da Netflix e que estreou nesta segunda, 11.


Dirigido por Stanley Nelson (do elogiado Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução), o longa-metragem busca fazer um retrospecto história sobre a chegada, a popularização e os desdobramentos do uso de drogas — com especial atenção ao crack e cocaína — na população negra norte-americana. É um documento histórico, bem embasado, e de importante discussão.


De formato tradicional, sem grandes sacadas, Nelson conduz a sua história sobre as drogas de maneira consciente. Conta com entrevistas com ex-viciados, policiais, jornalistas, traficantes e historiadores que mergulham fundo na história e, principalmente, buscam compreender melhor o que fez com que o crack se tornasse uma "epidemia" dentre a população pobre dos EUA.

Essa restrição ao público americano, assim, acaba sendo uma faca de dois gumes. Por um lado, é importante e mais interessante fechar o objeto de estudo em apenas uma sociedade. O documentário fica mais compreensível, mais rico em suas informações sobre aquele público. No entanto, por outro lado, falta a amplitude necessária para que todos espectadores participem.


Acaba sendo, assim, um documentário restrito. Por mais que haja a oportunidade de Nelson expandir a discussão mais próximo do final, ele não o faz. Permanece debruçado sobre a sociedade americana. Vale dizer, porém, que é louvável a movimentação do diretor em quebrar algumas mentiras e desinformações que se prolongam por décadas, como os "crack babies".


Além disso, há qualidade no roteiro do próprio Stanley Nelson. Ele passa por algumas passagens particularmente complicadas, como os crimes cometidos por Reagan, explicando tudo de maneira didática, mas sem ser imbecil — como vemos frequente em documentários que tratam a História como um bicho de sete cabeças. Dá pra ser claro, sem ser infantilóide.


Enfim, Crack: Cocaína, Corrupção e Conspiração é um filme importante, com bons momentos e um roteiro competente em seu mergulho nos efeitos e na história do crack. Poderia ter ido além em suas discussões, para além das fronteiras dos Estados Unidos. No entanto, tudo bem. Crack é uma boa reflexão e, com boa direção de Stanley Nelson, encontramos qualidade no material.

 
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