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  • Foto do escritorMatheus Mans

'É sobre o conflito de gerações', diz diretor de 'Uma Viagem Inesperada'


O argentino Juan José Jusid, de 77 anos, começou a observar um frequente e cada vez mais barulhento conflito de gerações acontecendo em todo o mundo. Pais ainda buscam a conversa com os filhos, enquanto eles se fecham no celular e enfrentam um mundo cada vez mais agressivo e violento. A partir dessa angústia, o cineasta acabou fazendo o longa-metragem Uma Viagem Inesperada, coprodução entre Brasil e Argentina que chegou aos cinemas na última quinta, 28, e quebrou jejum de oito anos de Juan José.

"Vejo muita dificuldade de pais tentando falar com seus filhos adolescentes. Há diferenças de linguagem, de modo de encarar a vida. São conflitos claros de gerações que criam famílias disfuncionais, que mudaram muito com o passar do tempo", disse o diretor em entrevista por Skype ao Esquina. "Fizemos pesquisa sobre o que é ser adolescente hoje. Alcoolismo, armas, violência, celular, bullying. Tudo isso apareceu e tratamos de colocar na história, fazendo uma viagem para mostrar essas dificuldades na prática. Eu mesmo tive problemas de entender os adolescentes durante o filme."

O resultado, porém, é surpreendentemente positivo -- como destacamos aqui no Esquina recentemente. O filme, apesar de um clichê aqui e outro ali, consegue destacar o cerne principal desse conflito e escancará-lo na tela em uma história real e humana. "Na história, um adolescente está com muitos problemas, que envolvem álcool, bullying, violência", contextualiza o diretor. "Mas ele acaba reencontrando o pai para tentar restabelecer um vínculo afetivo perdido. Ele tenta reencontra afeto e carinho."

Cenário. Indo além da temática do filme, Juan José Jusid comentou com o Esquina sobre a possibilidade de ter feito um parceria de produção com o Brasil em Uma Viagem Inesperada. Fã de Nelson Pereira dos Santos, ele conseguiu colocar uma equipe toda brasileira para filmar as cenas que se passam no Rio de Janeiro -- inclusive a personagem, interpretada pela atriz Débora Nascimento. "Adoro o Brasil", disse o diretor hermano. "Débora foi incrível em cena. Foi uma experiência para a vida toda."

Falando em vida, Juan hoje está com 77 anos e passou oito sem filmar. No entanto, durante o período, ele comandou uma série para a televisão que ainda deve estrear na Argentina, chamada Histórias de Divã. Ainda assim, porém, ele vê com certo desanimo o cinema de seu País. "Nós não vivemos um bom momento na indústria cinematográfica argentina", disse. "Assim como no Brasil, estão tentando cortar a verba e a produção. Mas não adianta. Não tem como parar. Contamos nossas histórias do jeito que for."

 
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