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É Tudo Verdade 2025: 'Viva, Marília!' é filme excessivamente chapa-branca

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • 10 de abr.
  • 2 min de leitura

Fazer um documentário biográfico nunca é fácil. Pessoas possuem imperfeições, complexidades, estranhezas, defeitos, particularidades. É difícil colocar tudo na tela, de maneira que todos possam compreender quem é aquela figura. E é justamente essa falta de complexidade que toma conta de Viva, Marília!, filme de abertura do festival É Tudo Verdade.


Dirigido pela dupla Zelito Viana e Esperança Motta, sendo esta última filha de Marília com Nelson Motta, o longa-metragem tenta abordar a história de Marília no teatro, no cinema e, claro, na TV. É um trabalho árduo, afinal. São mais de 60 créditos de elenco -- fora vida pessoal.


Há, sim, um bom trabalho de resgate e de tentar compreender quem era a artista Marília. Fala sobre seus principais trabalhos nos palcos e no audiovisual, mostrando principalmente como ela se projetou como um nome de importância no cenário cultural brasileiro. O trabalho de Marília, enfim, está bem representado, principalmente com bons arquivos resgatados.

Só que para por aí. Viva, Marília!, inclusive por ter a filha da biografada por trás do comando da produção, é excessivamente chapa-branca. Em termos de vida pessoal, quase nada é abordado ou aprofundado, fugindo das histórias de seus casamentos ou, falando de temas mais espinhosos, de toda a questão política fora das câmeras, até com apoio à candidatura de Collor.


Com isso, o documentário soa incompleto, pouco natural. Pareça que pinçou apenas as benesses da artista e deixou toda a pessoalidade de Marília de lado. Conhecemos parcialmente Marília Pêra, mas quase nada de Marília Soares Pêra. A vida não é revelada, desnudada. E não, não precisa ter aquele teor tosco de fofoca. Era apenas tratar tudo com certa sobriedade.


Viva, Marília! é uma homenagem, sim, mas que soa artificial. Poderia ser mais ousado e completo -- como é Ritas, outro filme de abertura do É Tudo Verdade 2025. A naturalidade que sempre acompanhou Marília Pêra fica, tristemente, soterrada aqui, debaixo da tentativa de vender uma imagem idealizada da artista, mas nunca sua total complexidade. Uma pena.

 

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