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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar' tenta voltar às origens

Atualizado: 11 de jan. de 2022


A franquia de Piratas do Caribe se assemelha ao maratonista que corre em círculos em uma pista: na primeira volta, está com fôlego e pronto para surpreender, animando quem o assiste e quem o prepara. Na segunda e na terceira volta, o atleta ainda mantém a sua essência, mesmo um pouco cansado e desanimado. Na quarta volta, no entanto, nada mais salva: ele está cansado e sem todo o ânimo do começo. Foi isso que aconteceu com os filmes de Jack Sparrow, que começaram como uma promessa do cinema, mas acabaram desgastados pelo tempo e pela repetição de um mesmo tipo de trama. Agora, porém, a Disney tenta salvar sua franquia bilionária com novos personagens e em uma tentativa de volta às origens.

Na história de A Vingança de Salazar, quinto filme da saga, começamos com um Sparrow (Depp, já cansado do personagem) que não se assemelha com o pirata de antigamente: perdeu a tripulação e navio, vive bêbado e não tem mais o poder de antigamente -- afinal, seu Pérola Negra está preso em uma garrafa. Enquanto isso, no entanto, o capitão espanhol Salazar (Javier Bardem) começa a a sua busca incansável por Sparrow para uma vingança histórica que ele tenta cumprir -- como já diz o título em português. A partir daí, os dois começam uma corrida de "gato e rato" enquanto são influenciados pelas outras personagens da trama, como o já conhecido Capitão Barbossa (Geoffrey Rush) e as grandes novidades deste novo capítulo, Carina Smyth (Kaya Scodelario) e Henry Turner (Brenton Thwaites).

Em sua essência, então, A Vingança de Salazar tenta voltar às origens da franquia com uma trama que muito se assemelha ao primeiro longa-metragem, A Maldição do Pérola Negra: em ambos há uma tripulação fantasma, com um antagonista poderoso e que busca Jack Sparrow para a grande redenção (no primeiro, Barbossa; neste, Salazar) e, principalmente, há um casal de bons moços e que tomam o protagonismo do filme para si (nos três primeiros, Keira Knightley e Orlando Bloom; neste, Scodelario e Thwaites). Pensando de maneira seca e fria, parece até mesmo um reboot ou um remake, de tão parecida que é a trama -- ainda mais agora, que a franquia ganhou uma nova e talentosa dupla diretores, os suecos Joachim Rønning e Espen Sandberg, do premiado longa-metragem Expedição Kon-Tiki.

Esta tentativa de voltar ás origens, porém, falha terrivelmente em um primeiro momento. Afinal, o astro Johnny Depp está cansado de sua personagem,atuando no automático. A trama também não tem a mesma força dos anteriores: a lenda marítima - tridente de Poseidon - é fraca e usada sem qualquer tipo de explicação para o espectador, tendo apenas um fio de história e alguns pontos de machismo, como apontado pela Carol Moreira. Javier Bardem, apesar de empolgado com o papel, não tem o mesmo carisma de Rush ou de Billy Nighy como Davy Jones. O maior erro, porém, está em Scodelario e Thwaites: os dois não conseguem repetir a química de Knightley e Bloom, tendo apenas uma ou outra cena de impacto.

No entanto, é um erro dizer que a franquia não diverte como um bom entretenimento: com belas e interessantes imagens aéreas, o filme encanta e,surpreendentemente, tem efeitos 3D que valem o ingresso mais caro.Além disso, uma subtrama envolvendo Rush e Scodelario, apesar de um pouco forçada em determinado momento, causa surpresa e emoção, coisa que a franquia não conseguia desde o terceiro filme, em 2007. Algumas situações também causam um riso sincero -- como uma cena com uma guilhotina -- e a aparição de duas personagens antigas despertam nostalgia, ainda que a dupla não se encaixe mais no papel como antigamente.

A conclusão do filme, assim, é que faz A Vingança de Salazar ser superior ao último filme da saga: ao invés de tentar voltar às origens, a dupla de diretores olha para o que deve ser a franquia daqui para a frente e já prepara a despedida de Depp para o papel -- além de marcar o adeus de um ou outro personagem. Apesar de erros, a trama passa a ver sinais de rejuvenescimento com as boas lutas entre navios, brigas de espadas e a sensação de escapismo, vista de maneira regular e com boas coreografias apenas em Piratas do Caribe: No Fim do Mundo, em 2007.

Se você aproveitar o filme como uma sessão pipoca e como um oportunidade de entretenimento, é inevitável que você saia de A Vingança de Salazar com o sorriso no rosto, algumas piadas para rir e assoviando sem parar a trilha sonora.Vale a pena ir nos cinemas para aproveitar os efeitos, o 3D e se você quiser apenas se divertir com uma história divertida, sem sair com grandes reflexões na cabeça.


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