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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Planeta dos Macacos: A Guerra’ encerra trilogia com chave de ouro

Atualizado: 12 de jan. de 2022


Sempre falo mal de reboots, remakes e sequências que não precisavam existir. Afinal, geralmente, são filmes que servem só para ganhar dinheiro e não injetam nenhum tipo de criatividade na indústria do cinema -- vide, por exemplo, franquia Transformers e Velozes & Furiosos. O mesmo, porém, não se pode falar da nova franquia de Planeta dos Macacos, iniciada há seis anos e que agora ganha um encerramento de ouro com Planeta dos Macacos: A Guerra.

A história deste terceiro filme, obviamente, é uma consequência direta do que aconteceu nos últimos dois longas. Aqui,  macacos e humanos chegaram no limite da convivência. Não há mais como coexistirem. É matar pra sobreviver. Do lado dos macacos está Caesar (Andy Serkis, impecável), que comanda um exército enxuto, mas corajoso, de símios. E do outro está o raivoso Coronel (Woody Harrelson), que tenta escravizar e matar todos macacos pra sobreviver.

Em um primeiro momento, A Guerra parece  lento demais. Na primeira parte do filme, pouca coisa acontece de verdade na história -- ao contrário de O Confronto, o segundo desta nova trilogia, que tem ação do começo ao fim. Aqui, a história é mais lenta, seguindo um ritmo de conclusão. A direção de Matt Reeves coloca ação apenas em pontos estratégicas, e abusa da emoção para levar o vínculo entre espectadores e personagens ao máximo. E Caeser parece cada vez mais humano.

Com o passar do tempo, porém, esta lentidão não se torna um problema. Ao observar toda a nova trilogia, fica claro que a Fox -- estúdio responsável pelo filme -- planejou direitinho o que queria com esta história. É um arco com começo, meio e fim bem delimitados, e agora é a hora de mostrar a conclusão da trajetória de Caesar. Poucas trilogias recentes fizeram tão bem este trabalho de coesão entre as histórias. É um caso para outros estúdios, e até para a própria Fox, aprender.

Neste clima de despedida, mas de aprofundamento das personagens, o filme vai ganhando um ar crescente de grandiosidade, ainda que a tal guerra do título esteja fechada em alguns poucos macacos e humanos. Sentimento, aliás, que ganha força com a interpretação de Serkis. É um dos principais atores desta nova geração. O que ele faz com a expressão de Caesar é incomparável no cinema moderno. Harrelson, apesar de mais genérico, também está bem.

O grande atrativo de A Guerra, porém, está no roteiro de Reeves e Mark Bomback (que tem algumas bombas em seu currículo, como A Série Divergente: Insurgente e Wolverine: Imortal). Totalmente baseado no diálogo entre os macacos, a história é poderosa, cheia de referências à filmes anteriores e com metáforas assustadoras sobre a condição humana em sociedade. Alguns trechos chegam a ser difíceis de serem assistidos pela proximidade com a História.

O roteiro também contribuiu para um ótimo final, ainda que com algumas soluções fáceis. Com coragem, Reeves encerra esta trilogia e mostra, com muita elegância, que é possível fazer um remake, um reboot e uma trilogia com controle sobre a história. Obviamente, a Fox deve continuar a trama. Mas agora será uma história separada e a trajetória de Caesar fica para trás. É um ótimo encerramento para uma franquia corajosa, revitalizada com ousadia, e que mostra que é possível juntar blockbuster e cinema de qualidade em um único material.

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