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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Que Jennifer Fez?', da Netflix, é tão interessante quanto um artigo da Wikipédia



Já faz um tempo que venho falando, no Esquina, que os documentários de true crime estão bem próximos de um esgotamento total e irrestrito. Afinal, estão procurando cada vez mais histórias sem nada de brilhante que justifique a transformação em um produto audiovisual. E é isso que sentimos em O Que Jennifer Fez?, documentário que estreou na Netflix nesta quarta-feira, 10.


Dirigido e roteirizado por Jenny Popplewell (do ótimo Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha), o longa-metragem acompanha a investigação ao redor do chocante crime envolvendo uma família vietnamita no Canadá. De acordo com a filha, três homens invadiram a casa, mataram a mãe e ainda tentaram assassinar o pai, que inesperadamente conseguiu sobreviver.


A partir daí, Popplewell se vale de uma boa quantidade de imagens de arquivo (ainda que não tão eloquentes como em Cenas de um Homicídio) para mostrar como a investigação avança. Mas, como fica quase que restrita apenas às imagens da sala de inquérito, também precisa sair em busca de entrevistas quadradas -- aquelas com a pessoa sentada, relembrando o caso.



O fato é que, apesar de O Que Jennifer Fez? ter uma boa história, não consegue surpreender pela mesmice do formato. A própria Netflix parece estar cansada desse tipo de produção: eles colocam no título uma dica de como esse crime vai terminar, sem tentar criar algum suspense.


Assim, fica a sensação de que ler um artigo na Wikipédia acaba sendo mais rápido, e às vezes até mais emocionante, do que o filme. Fica a pergunta, então: pra que? O que justifica a produção audiovisual de uma história como essa se não há nada de extraordinário, de impactante, de memorável? Tudo é absolutamente linear, sem qualquer grande surpresa.


Reafirmo, assim, que o true crime morreu. Não há mais espaço para surpreender, para ter um contato direto com o espectador, com narrativas originais. Por mais que a história em si seja impactante, como é o caso deste novo documentário, não há mais possibilidades estéticas e narrativas de justificar a existência do filme. É hora, repito, de buscar novas ideias e histórias.


 

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