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Foto do escritorMatheus Mans

Ranking: do pior ao melhor de Darren Aronofsky, diretor de 'Mãe!'


Poucos cineastas em atividade são tão controversos como o americano Darren Aronofsky. A começar pelas opiniões sobre sua obra: para alguns, genial; para outros, exagerada e cheia de significados vazios. Obra controversa, também, em sua essência e significado. Os filmes de Aronofsky, afinal, nunca deixam de tratar de temas espinhosos e que podem incomodar muitas pessoas.

Mãe!, seu mais recente lançamento, é um exemplo disso. Firmado em cima de uma alegoria, a história do longa-metragem atira para vários lados quando tenta criticar comportamentos enraizados de nossa sociedade. Mutias pessoas nas salas de cinema, sem dúvidas, vão ficar incomodadas. É inevitável. O Esquina, então, tentou fazer o impossível: classificar toda obra de Aronofsky do pior ao melhor.

O resultado é a lista abaixo, que tenta explicar o ranqueamento e conta um pouco mais de cada um dos filmes:

7. Fonte da Vida

Ter esse longa-metragem como o último colocado mostra como a obra de Darren Aronofsky tem uma qualidade acima da média. Fonte da Vida conta a vida de um navegador espanhol, no século XVI, que parte para o Novo Mundo em busca da "árvore da vida". Partindo para os tempos atuais, a mulher de um pesquisador Tommy Creo está morrendo de câncer, mas ele busca desesperadamente a cura que pode salvá-la. Enquanto isso, a terceira história une as primeiras: no século 26, um astronauta encontra as respostas para questões fundamentais da existência.

O filme é bonito, tem boas cenas e ótimas interpretações de Hugh Jackman e Rachel Weisz -- no início da produção, era para ser Brad Pitt e Cate Blanchett, que abandonaram o barco e foram para outros projetos. Mas o fato é que Fonte da Vida é o filme mais pessoal e inimista da filmografia de Aronofsky. Não há, tampouco, sutilezas na história, tirando parte do brilho e graça da película. O resultado final é positivo. Mas fica clara a sensação de que faltou algo na execução. Talvez, experiência do cineasta.

6. Pi

Primeiro filme de Darren Aronofsky conta a história de Max (Sean Gullette), um jovem gênio da matemática e computação que vive escondido da luz do sol, que lhe dá constantes dores de cabeça, e evita o contato com outras pessoas. Assim, escondido, ele conseguiu criar um computador que compreende a existência na Terra, permitindo que Max adivinhe o que irá ocorrer na bolsa de valores e dentre outras coisas. A partir daí, então, ele virá alvo de vários grupos econômicos e até religiosos.

A direção de Aronofsky já é muito aguçada e tem bons momentos -- um jogo de câmera ágil e que inova no enquadramento. Além disso, escolha de filmar em preto-e-branco deixa toda história mais atraente e charmosa. Pena, porém, que o roteiro tem falhas: na ânsia de fazer uma história complexa e bem amarrada, Aronofsky acaba se perdendo e criando momentos ininteligíveis. Aposto que nem ele entendeu algumas passagens. É melhor que Fonte da Vida por conta de seu charme e elegância. E só.

5. Noé

Muitos torcem o nariz para Noé, filme mais mais caro e mais megalomaníaco de Aronofsky até então -- custou cerca de US$ 125 milhões aos cofres da Paramount. E com razão. Afinal, o filme tem um dos roteiros mais preguiçosos de Aronofsky e não é nem sombra dos outros longas do cineasta. Não há um momento epifânico, não há redenção do personagem ao final da narrativa. É só uma interpretação da passagem da Bíblia sobre o homem que sobreviveu ao dilúvio divino.

Ainda assim, porém, Noé é melhor do que Fonte da Vida e Pi por dois motivos. O primeiro é elenco. Apesar das boas atuações de Hugh Jackman e Rachel Weisz no sétimo colocado da lista, Noé tem atuações inspiradas de Russel Crowe e Emma Watson -- o que dizer, afinal, da sequência final envolvendo o bebê da personagem de Watson? Fora isso, há alfinetadas no fanatismo religioso ao longo de toda história que tornam o roteiro deste filme bem mais corajoso do que os demais.

4. Requiem for a Dream

Filme muito querido por cinéfilos, Réquiem por um Sonho mostra uma visão perturbada e única sobre pessoas que vivem em desespero e cheio de sonhos. O mediano Jared Leto e a boa Jennifer Connelly formam um casal apaixonado que quer montar um pequeno negócio e viverem felizes pra sempre. Ambos, no entanto, são viciados em heroína, fazendo com que o rapaz penhore a televisão da mãe, uma senhora viciada em reality shows e em remédios de emagrecimento.

Aqui, a crítica de Aronofsky ao sistema é a menos sutil e a mais chocante, sem dúvidas. Ele não poupa os espectadores de mostrar as pessoas em situações aterrorizantes e que fazem o choque de realidade cair sobre a audiência de maneira avassaladora. Ao assistir o filme, a sensação é de que você entrou em um pesadelo -- e quer sair dele o mais rápido possível, desde que saiba o final, claro.

3. Mãe!

É um filme que vai chocar muita gente e deixar grande parte da sala de cinema incomodada com o que viu na telona. Muitos também vão levantar no meio da projeção e ir embora. Não tenho dúvidas. Entretanto, impossível dizer que Mãe! não é genial. É cinema em essência. No centro da história, Jennifer Lawrence e Javier Bardem. Ela, uma dedicada dona de casa que reforma cada canto do lar. Ele, um escritor que tenta buscar inspiração para seu novo livro no vazio do cotidiano.

A partir daí, é cinema do começo ao fim. Uma série de acontecimentos intensificam alegoria que parecia apenas ser pincelada no primeiro ato do longa. É Aronofsky em essência, puro e mais feroz do que nunca -- com atuações inspiradíssimas de Lawrence e Bardem, que, sem dúvidas, merecem um lugar no Oscar deste ano. O único problema talvez esteja nos 20 min finais. Ainda que catárticos e emocionantes, eles soam um pouco exagerados em termos de descarga visual. Faltou um pouco de apuro.

2. Cisne Negro

Talvez seja o filme mais popular do cineasta. A começar pelo seu elenco, que tem a sempre ótima Natalie Portman, Mila Kunis e Vincent Cassel. No centro da história, uma bailarina de destaque que se encontra presa a competições no universo de balé de Nova York, com uma nova rival interpretada por Kunis. O filme ainda faz um passeio pela aterrorizante psique da jovem bailarina, mostrando a influência psicológica que um papel em Cisne Negro pode ter em sua vida.

Além da atuação arrebatadora de Natalie Portman, que levou merecidamente o seu primeiro Oscar de melhor atriz, o longa faz um paralelo interessantíssimo entre a vida da bailarina e o papel no espetáculo de dança. Arrisco dizer que pouquíssimos filmes conseguiram traçar um paralelo tão interessante entre o mundo das artes e seus realizadores -- talvez apenas o também ótimo Birdman tenha feito algo parecido. Pena que o filme conta com sequências e cenas arrastadas. Senão, estaria no primeiro lugar.

1. O Lutador

Réquiem para um Sonho é chocante, Mãe! é ousado e singular e Cisne Negro é um clássico inquestionável. Ainda assim, na minha opinião, não há filme igual na carreira de Aronofsky como O Lutador. No centro da trama, Mickey Rourke é Randy "Carneiro" Robinson, solitário lutador de wrestler que se sustenta por meio das lutas e também de "bicos" que faz em um mercado local. No entanto, sua vida precisa mudar completamente quando ele sofre infarto e precisa se afastar das lutas.

O filme é visceral e tem um roteiro genial, que brinca entre a história e fatos que ocorreram na vida do próprio Mickey Rourke. O ator, aliás, está excepcional e emociona até os últimos minutos em tela. No entanto, o grande destaque aqui é a direção de Aronofsky. Ele parece estar em seu auge, fazendo com que o espectador entre na vida de Randy de uma maneira avassaladora. E o que falar da cena que mostra Mickey entrando no mercado como se ele estivesse indo para o ringue?

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