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Helena Pelletier tem uma vida convencional. É casada, tem filhos, um cachorro, é dona de seu próprio negócio. A única coisa que destoa no dia a dia é um chamado da floresta, que faz com que ela tenha ligações profundas com a natureza ao seu redor. O motivo? Helena foi criada em cativeiro, no meio do pântano, por sua mãe e seu pai, o criminoso responsável pelo seu rapto.
Esta é a trama de A Filha do Rei do Pântano, quarto livro da escritora Karen Dionne. Apesar de parecer uma espécie de Quarto -- livro que inspirou o premiado longa-metragem O Quarto de Jack --, esta história de Dionne está mais para thriller doméstico do que qualquer outra coisa do tipo. Afinal, o pai/criminoso está à solta e Helena acredita que ele pode vir atrás da sua família.
A trama tem um começo promissor e que desperta o ânimo no leitor. Essa mistura de história de cárcere, superação e busca pelo pai tem uma receita interessante. A forma que Dionne cria a narrativa é igualmente empolgante. No entanto, pela altura da página 50, a coisa sai dos trilhos e A Filha do Rei do Pântano revela sua verdadeira face: é arrastado, chato e muito sonolento.
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Por mais que haja qualidade na criação da personalidade de Helena, e uma interessante e imersiva ambientação, as coisas não são atrativas. O uso excessivo da descrição e do flashback, por parte de Dionne, reduz o ritmo da história. Além disso, o estabelecimento da situação é tão apressado que se torna chato, pouco empático. Helena demora para criar vínculos com o leitor.
Esse último problema é o que acaba por fazer com que A Filha do Rei do Pântano vá por água abaixo. Afinal, durante as quase cerca de 250 páginas, Helena age de maneira quase irracional, protegendo o pai em detrimento da memória da mãe. Mas o que poderia ser um interessante estudo de personagem se transforma num sentimento negativo com relação à personagem.
Além disso, parece que Dionne não se esforça, em momento algum, para mudar essa situação. Nem as atitudes de Helena, afinal, são interessantes -- o excesso de descrições sobre a vida pregressa da protagonista na floresta, fazendo fogueiras e esfolando animais, é um saco. Com o perdão da palavra. Mais dinamismo não faria mal para o livro, que poderia ir muito, muito além.
A situação geral só melhora, de fato, nas últimas 70 páginas. O ritmo se torna mais frenético, as coisas se encaixam e a história avança após muito blá-blá-blá. Mas a mudança brusca na narrativa não é o bastante para mudar a sensação geral com a história. O livro vai no mesmo caminho de thrillers domésticos como Que Tipo de Mãe é Você? e A Mulher do Meu Marido.
É chato, desproposital e nem um pouco memorável. É uma mostra de como esse subgênero está numa derrocada lenta, triste e fatal. É preciso que Gillian Flynn volte com força. Senão...
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