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  • Foto do escritorMatheus Mans

Resenha: 'A Visita Cruel do Tempo' surpreende com força e originalidade


A Visita Cruel do Tempo ganhou o Pulitzer e o prêmio não poderia ser mais merecido. O romance de Jeniffer Egan parece ser, à primeira vista, um amontoado de contos – todos muito bem escritos – ao longo da narrativa. Porém, aos poucos, a história se desnuda em frente aos olhos do leitor e mostra-se ser uma belíssima trama, com todas as subtramas sutilmente interligadas.


O livro começa por Sasha, assistente cleptomaníaca de Bennie Salazar, executivo da indústria musical. Ele foi responsável pela descoberta de Bosco, guitarrista de uma banda de sucesso. Em sua última turnê, Bosco promove apresentações verdadeiramente suicidas. Com isso, Jules Jones, um repórter falido, tenta reerguer-se a custa dos problemas do guitarrista. Por fim, Jules é irmão de Stephanie, casada com Bennie e próxima de Lou, produtor viciado em cocaína.


O enredo de A Visita Cruel do Tempo pode parecer confuso de início. Uma verdadeira ciranda de personagens. Mas o mais interessante é a conexão feita entre as histórias ao decorrer da trama. Egan, sem exagerar na dose e de maneira delicada, conduz a narrativa de forma magistral, provavelmente o ponto mais alto de toda a história. A forma que os personagens vão se relacionando e como o tempo age sobre eles deixa o leitor boquiaberto em muitas situações.


O mais interessante em relação aos personagens são as suas características tipicamente humanas. Todos possuem problemas e atitudes típicas de pessoas normais. Ou seja, a história narra a vida de uma dezenas de pessoas normais, em atitudes normais. É a vida como ela é.


Tempo e verdade


A obra é um inconstante temporal. Os capítulos se alternam e trocando de tempo sempre. Desde momentos da década de 1970 até um futuro relativamente próximo. Assim como os personagens, os tempos da história também possuem um entrelaçamento interessante. O que era para ser algo confuso se torna natural. O tempo é mais um personagem na obra de Egan.


“-Nunca ouvi isso antes. 'O tempo é cruel?'

-Você discorda?

Houve uma pausa.

-Não.”

Além das épocas e personagens, a maneira como a história é conduzida vai se alterando drasticamente. Em alguns momentos é primeira pessoa, outras terceira e algumas até é representada simplesmente por gráficos. Sempre, porém, com a elegância de Egan.


Enfim, A Visita Cruel do Tempo tem uma belíssima lição. Mostra, de uma forma dura e impactante, o quanto o tempo é cruel e devastador para todas as pessoas. O tempo é, com certeza, o grande personagem de nossas vidas. A Visita Cruel do Tempo é genial.

 
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