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Desde que Jair Bolsonaro (que me recuso a chamar de presidente, por razões óbvias) foi eleito em 2018, uma série de livros começou a ser publicada para tratar de entender o que se sucedeu no País. Como um candidato de tom fascista e sem nenhuma agenda ou plano para o Brasil conseguiu angariar tantos votos? Como um País se tornou chocadeira de um político tão vil?
Fake news, redes sociais e grupos de ódio, claro, são respostas óbvias num primeiro momento. Mas outros livros, enquanto isso, ajudaram a ir além. O cadete e o capitão: A vida de Jair Bolsonaro no quartel mostrou a formação de Bolsonaro. Tormenta, de Thaís Oyama, bastidores do governo no primeiro ano. Agora, o ótimo Diário da Catástrofe Brasileira provoca a reflexão.
Escrito por Ricardo Lísias, do impecável O Céu dos Suicidas, a obra é um diário de Lísias feito durante o primeiro ano do governo Bolsonaro. Sem nunca esconder sua opinião, o autor vai analisando não só cada acontecimento e escândalo desse desgoverno, como também expressando seus sentimentos e trazendo reflexões sobre pilares que sustentaram a vitória.
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O teatro da Lava-Jato, o apoio calado da imprensa e a confusão (proposital, talvez?) de alguns intelectuais durante todo o processo reacionário que abalou o Brasil estão retratados aqui. Lísias, também, faz a análise mais apurada e interessante que vi até o momento sobre o impacto das correntes de WhatsApp, com imagens falsas e mensagens odiosas contra oposição.
Dessa forma, encaro Diário da Catástrofe Brasileira a partir de dois olhares. Em um deles, vejo o livro como um relato pessoal, mas acurado sobre o que aconteceu com o Brasil nos últimos tempos. No futuro, poderá ser um bom texto de consulta. Mas, também, é uma obra que traz as potentes reflexões sobre o caminho que foi trilhado para chegarmos no que chegamos hoje.
Não há respostas, claro. Lísias não tem como tê-las. No entanto, ao promover esse olhar sobre o passado e pelo que passamos, podemos encontrar possibilidades para os próximos passos. Tomara que a direita e pessoas de centro encontrem esse livro e, em algum momento, o leiam. Talvez, de alguma forma, isso mostre a massa fascista que se formou no Brasil.
Afinal, e isso é uma reflexão minha, o futuro desse país está nas conversas, na reflexão e na crítica. Não adianta apenas cancelar uma pessoa, por exemplo, neste momento. É preciso trazer a pessoa para o debate (se ela estiver disposta, claro), mostrar o cenário e fazê-la entender o caos que vivemos. De outro jeito, o Brasil vai encontrar apenas mais sombra e escuridão.
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