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  • Foto do escritorMatheus Mans

Resenha: Dois novos contos de 'Pela Janela de Casa' reimaginam quarentena


Logo no começo de junho, rasgamos elogios ao projeto de contos da Planeta de Livros sobre a quarentena no País. Foram três contos, na ocasião, que reimaginavam e interpretavam os desafios, dificuldades e oportunidades encontradas durante tempos de isolamento social. Agora, duas novas histórias se juntam ao projeto e dão mais alguns passos no "Pela Janela de Casa".


Abaixo, confira detalhes dessas duas novas histórias e o que achamos de cada uma delas:


Sete Dias pro Fim do Mundo


O conto mais diferente e original de todo o projeto, ainda que recaia na história de "amizades e romances surgidos pela janela". Aqui, o autor Daniel Bovolento (de Depois do Fim, O Que eu Tô Fazendo da Minha Vida?) se vale do clima gerado ao redor da pandemia e conta a história de um rapaz e uma garota -- vizinhos, mas desconhecidos -- que se unem nesses momentos finais.


Isso mesmo: momentos finais. Afinal, Bovolento não se limita a falar sobre a pandemia que está sendo vista e vivida agora. Não. Ele vai além e imagina um mundo dominado por essa "ameaça invisível" e que decreta o fim da humanidade. A partir disso, com uma contagem regressiva de 7 dias, o rapaz e a garota papeiam na janela de casa e pensam no futuro e no seus passados.

Com essa premissa em mãos, Bovolento reflete e nos faz refletir sobre a finitude da vida, ainda mais em tempos de pandemia. Os personagens, críveis e interessantes, ajudam o leitor a entender a dimensão da história e as possibilidades que se abrem a partir da narrativa do autor. É uma história perturbadora e que foge de um aspecto de autodescobrimento das outras quatro.


Enfim, Sete Dias pro Fim do Mundo é o melhor conto do projeto ao lado do introspectivo Dono do Tempo. Afinal, fala sobre aspectos mundanos, esgotados durante a quarentena, de maneira provocativa, inteligente e que vai além. No entanto, vale o aviso: para quem está muito ansioso com a situação do coronavírus, é bom pular. O existencialismo, aqui, vai bem além.

Antes do Mundo Virar de Cabeça para Baixo


A outro conto que integra essa nova leva de lançamentos é Antes do Mundo Virar de Cabeça para Baixo. Assim como O Cuidador de Pássaros, o autor Victor Fernandes prefere ficar em um campo mais abstrato do pensamento. Fala sobre fins e começos, amores e desamores, ciclos e reinícios. É uma história que fala mais sobre o interior de cada um do que o exterior.


Para isso, acompanhamos a história de um rapaz que se apaixona por uma vizinha durante a quarentena. Assim como o próprio Sete Dias pro Fim do Mundo e Pela Janela, os protagonistas começam um relacionamento à distância. O diferencial, aqui, é que Fernandes pensa no depois. Pensa no que pode acontecer com esse amor depois do fim da quarentena. Será que sobrevive?

A partir daí, num mergulho introspectivo, Fernandes nos mostra de maneira poética como as coisas podem se desenvolver em situações extremas e, depois, como se desenrolam quando a vida é normalizada. É um bom alerta para nós, ainda em fase de transição entre quarentena e mundo normal, sobre como muitas coisas podem mudar e novos-velhos-hábitos morrer.


É uma pena, porém, que o autor se valha de artifícios batidos para desenvolver essa história. Acaba caindo em lugares-comuns, ainda que seja diferente na abordagem. Ainda assim, porém, é um bom conto de fechamento desse projeto da Planeta Livros. Afinal, enquanto os outros nos levaram para dentro da quarentena, esse conto nos tirou dela e mostrou o mundo fora.


É um universo diferente. Com as velhas regras de volta. E que precisamos nos preparar.

 
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