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  • Foto do escritorMatheus Mans

Resenha: ‘Mil Quilômetros Mar Adentro’ é bom livro sobre viagens, sonhos e medos

Atualizado: 5 de out. de 2020


Confesso que levei um susto quando vi o tamanho de Mil Quilômetros Mar Adentro, livro da Editora Inverso e escrito por Ariel Seleme. Apesar de ter apenas 350 páginas, a gramatura da página é grossa e faz com que o livro ganhe um ar de calhamaço. Mas que nada. Sentei para lê-lo numa quinta-feira à noite. Na sexta-feira à tarde, no dia seguinte, estava findado.


E não apenas por ter 350 páginas, por ser um tamanho que apenas assusta. Nada disso. Mil Quilômetros Mar Adentro é uma das leituras mais fluídas e gostosas que tive o prazer de realizar em 2020. Afinal, Seleme se vale de uma gramática simples e cadenciada para contar a história de Ariosto, homem simples, honesto e batalhador que amadureceu cedo.


Afinal, perdeu os pais quando ainda era um menino. Precisou se virar e acabou sendo criado por Adamastor, funcionário da peixaria do pai. Ele educou o nosso protagonista, deu-lhe uma profissão. No entanto, mesmo depois de estar realizado, Ariosto não se contenta. Acaba dando uma guinada na vida ao se candidatar a ser faroleiro da região.


E é aí que o livro de Seleme ganha tração, se torna memorável. Rápido, sensível e delicado, a obra vai dando contornos à personalidade de Ariosto da melhor maneira possível. Não entrega nada de cara. Vai criando, desenvolvendo, provocando, fazendo refletir. O leitor, assim, vai sentindo quem é o personagem para depois, então, vê-lo.


Com isso, Seleme constrói uma narrativa que prende, agarra o leitor. Esqueça o recente O Farol, aliás, com Robert Pattinson e Willem Dafoe. Aqui, há certa loucura na história do protagonista, mas rumo à si próprio. Rumo ao âmago do personagem, que se desnuda a cada página virada. Um mergulho, por si só. Um mergulho, talvez, mar adentro da psique.


Enfim. Mil Quilômetros Mar Adentro é daqueles livros que marcam e que possuem o atributo de ter personagens que entram no nosso imaginário particular. Ariosto, depois dessas 350 páginas, praticamente se tornou um conhecido meu. Parece que sei quem é, que o sinto. E isso, caro leitor, apenas uma excelente leitura pode proporcionar. Grande livro de 2020.

 

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