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  • Foto do escritorMatheus Mans

5 livros essenciais para entender o fascismo


Ao longo dos últimos tempos, a literatura tem se debruçado cada vez mais em entender melhor o fascismo. Afinal, movimentos populistas autoritários estão insurgindo ao redor do mundo com objetivos bem claros de abalar a democracia. Só olhando para o passado e para nossas estruturas políticas para, enfim, conseguirmos combater esse perigo que nos espreita por aí.


Assim, a seguir, elencamos cinco livros essenciais para entender o fascismo e, acima disso, esses movimentos populistas autoritários que destacamos. Alguns falam diretamente sobre o tema, outros tratam de temas paralelos que influenciam diretamente na política e na sociedade. Mergulhe a seguir nas nossas dicas, escolha a leitura e aproveite. Tenha boas reflexões!


Fascismo à Brasileira, de Pedro Dória

Excelente livro do jornalista Pedro Dória, Fascismo à Brasileira não faz uma análise crua e direta do governo Bolsonaro, da extrema-direita ou do levante fascista que estamos vivendo. Nada disso. A obra se propõe a ser um livro de História, no qual somos convidados a conhecer, refletir e analisar o Integralismo. Para quem não sabe, esse movimento da primeira metade do século XX acometeu o Brasil com uma proposta inspirada no que estava acontecendo lá fora, principalmente Alemanha e Itália: unificar o País em um só lema e bandeira. Fascismo, enfim.


Dessa forma, ao longo de mais de 260 páginas, Doria fala sobre as origens de Plínio Salgado — o líder desse movimento e que desejava ser uma espécie de "Mussolini brasileiro" — e de como o Integralismo se movimentou e se desenvolveu a partir dessas ideias ultranacionalistas de seu líder. É, enfim, um retrato sobre um período da História do Brasil, contado com primazia pela ótica desse jornalista. Ainda que um pouco confuso e prolixo demais em alguns momentos, é um livro leve, de escrita solta e permite o mergulho necessário pra compreender nosso passado.


Diário da Catástrofe Brasileira, de Ricardo Lísias

Enquanto Pedro Doria olha para o passado, o escritor Ricardo Lísias, do impecável O Céu dos Suicidas, analisa o presente de maneira quente, urgente. A obra é um diário de Lísias feito durante o primeiro ano do governo Bolsonaro. Sem nunca esconder sua opinião, o autor vai analisando não só cada acontecimento e escândalo do desgoverno brasileiro, como também expressando seus sentimentos e trazendo reflexões sobre pilares que sustentaram a vitória.


O teatro da Lava-Jato, o apoio calado da imprensa e a confusão (proposital, talvez?) de alguns intelectuais durante todo o processo reacionário que abalou o Brasil estão retratados aqui. Lísias, também, faz a análise mais apurada e interessante que vi até o momento sobre o impacto das correntes de WhatsApp, com imagens falsas e mensagens odiosas contra oposição.

Um registro histórico importante, que precisa sempre ser revisitado para relembrarmos.


Em Nome de Quem?, de Andrea Dip

Outro livro que não fala sobre o fascismo em si, mas de um componente urgente nesse novo cenário político e social, é Em Nome de Quem?, de Andrea Dip. Aqui, a autora investiga os meandros, as particularidades e a formação da chamada bancada evangélica, que dita pautas conservadoras dentro da Câmara dos Deputados. A autora, que já cobriu essa temática antes, se dedica a entender como funciona a união entre política e religião, temas controversos e opostos.

O resultado, o livro Em Nome de Quem?, deixa claro a quantidade de trabalho que Dip teve. Mesmo que todo seu conteúdo esteja resumido em 160 páginas, sua força e seu cuidado com os detalhes saltam do texto e engrandecem na mente de quem lê. É forte a constatação feita por Dip, que deixa claro como os dois assuntos estão se misturando com o passar do tempo -- ao mesmo passo que a tal bancada só cresce em tamanho e barulho, mudando rumos da política.


Uma Breve História das Mentiras Fascistas, de Federico Finchelstein

Agora, dois livros mais teóricos sobre fascismo e que nos ajudam a entender o que é isso. Em Uma Breve História das Mentiras Fascistas, o historiador Federico Finchelstein se aprofunda em características do fascismo do passado para entender esse perigoso movimento de hoje em dia, encabeçado por Donald Trump, Jair Bolsonaro e outros nomes tão podres quanto. Afinal, como ele próprio diz no começo, é olhando para a nossa História que entendemos presente e futuro.


Assim, a análise se concentra na cultura das mentiras fascistas. O autor, com fatos históricos documentados, mostra como ditaduras como as da Itália e Alemanha se valeram da distorção da realidade pra expandir poderes e controle. É um material rico, já que o autor não joga a interpretação do passado no colo do espectador e vai embora. Ele faz paralelos, e extremamente pertinentes, entre essa História que maculou o mundo com os passos que seguimos.


Fascismo Eterno, de Umberto Eco

Em um primeiro momento, O Fascismo Eterno impressiona por suas diminutas proporções. Editado pelo Grupo Editorial Record, a obra de Umberto Eco conta com apenas 64 páginas e um formato próximo ao pocket book. Mas o conteúdo de suas frases, por mais clichê que seja essa colocação, é imenso, gigantesco. Afinal, o texto do italiano, datado de 1995, continua atual e de extrema importância para a compreensão completa e irrestrita da política e sociedade.

Como é explicado pelo próprio Eco no início do livro, O Fascismo Eterno foi uma conferência, pronunciada em inglês, que ocorreu nos EUA em 1995. Só algum tempo depois que acabou virando texto, na The New York Review of Books, e dois anos depois se tornou a produção literária mais celebrada de Cinco Escritos Morais. Mas, afinal, qual o motivo de transformar um texto, que era inicialmente um discurso proferido por Eco, num livro único? Por qual motivo reeditá-lo agora, dando tanta ênfase na temática? Qual a importância desse discurso?

As perguntas para essas respostas, que devem surgir de maneira natural quando se entra em contato com o livro pela primeira vez, vão sendo rápida e satisfatoriamente respondidas ao longo dessas seis dezenas de páginas. O texto de Eco, que morreu em 2016, continua assustadoramente atual. Afinal, ele traça alguns paralelos e coincidências ao redor de fascismos que ocorrem através do mundo -- e o porquê de movimentos totalitários serem chamados assim. É praticamente uma aula de Eco, que se torna imprescindível em tempos modernos.

 
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