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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Freira 2' não consegue sequer superar o filme anterior


Já falamos isso aqui: A Freira não é um grande filme. Apesar do tom gótico interessante, o longa não soube aproveitar a oportunidade e fez um filme esquecível e com cenas que geram até um estranho humor involuntário. E, por incrível que pareça, A Freira 2, que estreia nos cinemas brasileiros já nesta quinta-feira, 7 de setembro, consegue ser um filme ainda pior. Como?


A trama, de certa forma, continua de onde o outro longa-metragem parou: a freira Irene (Taissa Farmiga) seguiu com sua vida, indo para outro convento depois dos acontecimentos do primeiro filme enfrentando o demônio Valak; o simpático Maurice (Jonas Bloquet) se tornou um faz-tudo em uma escola para meninas; e o Padre Burke simplesmente morreu – claramente Demián Bichir não quis continuar na franquia. Tudo bonito, claro e radiante na vida dos dois jovens?


Claro que não. Como num passe de mágica, o roteiro de Ian Goldberg (A Autópsia), Richard Naing (Eli) e Akela Cooper (Maligno) traz Valak de volta, assombrando a vida de Irene e Maurice – e possuindo um dos dois. É um retorno preguiçoso, lembrando a nova vida que Palpatine recebeu em Star Wars: A Ascensão Skywalker. “De alguma forma, Palpatine está de volta”, disse Poe Dameron. Aqui, de alguma maneira, a freira demoníaca também voltou, sem muita explicação.


Esse roteiro preguiçoso, que parece ter medo de encontrar um espectador com apenas dois neurônios e não ser compreendido, nunca é ousado, criativo, diferente. A história segue um ritmo chato, sonolento, em que pessoas ficam simplesmente gritando e chorando de um lado para o outro. No terço final de A Freira 2, chega a ficar insuportável: crianças e freiras correndo de um lado para o outro, a la Scooby-Doo, enquanto um demônio as persegue loucamente.

Tudo isso poderia se tornar menos tosco, e até menos constrangedor, na mão de um diretor razoável – dificilmente daria para salvar um roteiro com tantos problemas, mas pelo menos não seria tão complicado assim de assistir ao longa. Michael Chaves é obviamente um diretor fraco: é dele a direção de A Maldição da Chorona, péssimo capítulo da saga, e de Invocação do Mal 3, o pior da franquia principal. Em A Freira 2, ele continua com os mesmos problemas apresentados.


Suas habilidades para dar sustos são reduzidas e até mesmo copiadas de coisas que deram certo em outros filmes da franquia – a bola que volta rolando do escuro (visto no ótimo Annabelle 2), Valak aparecendo do nada em quadro (Invocação do Mal 2) e por aí vai. É uma sucessão de jumpscares que não apenas óbvios, mas que também são repetidos.


Pior: Valak, neste seu segundo filme, nada mais é do que uma coadjuvante de luxo. Não dá pra saber se isso aconteceu por conta do processo que a atriz Bonnie Aarons moveu contra a Warner Bros., mas ela quase nunca aparece aqui para movimentar a história. Ela surge para um jumpscare bobinho, pra variar, e, logo em seguida, quando é para seguir com a jornada de Irene e de Maurice, é outro personagem (a tal pessoa possuída) que toma as rédeas dos sustos.


Fica a sensação de que o diretor Michael Chaves não sabe como administrar todos esses elementos que estão à sua disposição: a freira, a história da possessão e a necessidade de continuar o que foi visto em A Freira. Parece que foi muito para o pobre coitado. E o resultado não poderia ser outro: A Freira 2 é mais um terror genérico, sem qualquer personalidade, que segue pelo mar da mesmice. Talvez sirva para rir com um grupo de amigos – e nada mais.

 

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