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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Desaparecida: O Caso Lucie Blackman' é "true crime" batido da Netflix


Será que já podemos dizer que há um consenso de que o auge do true crime já passou? Bons filmes e séries, como Don't Fuck with Cats e Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha, parecem um passado distante, quase inatingível. Motivo? Cada vez mais, os serviços de streaming produzem filmes esquecíveis. É o caso de Desaparecida: O Caso Lucie Blackman.


Dirigido por Hyoe Yamamoto (Samurai and Idiots), o documentário se debruça sobre um crime que chamou a atenção nos anos 2000: Lucie Blackman, uma jovem britânica que estava trabalhando por uma temporada no Japão, desaparece. Some, no meio do serviço. O que houve? É a partir desse desaparecimento que o longa vai mostrando o caminho da investigação.


É um true crime, simples e direto, que segue aquela estética típica de filmes nesse estilo: algumas imagens de arquivo, mas muitas entrevistas talking heads e recriações de momentos daquela época. Em termos de narrativa, o roteiro do estreante Shoji Takao segue uma linearidade bocejante: não há qualquer tentativa de quebra de expectativas ou coisa do tipo.

É um filme que segue à risca as delimitações da forma, sem nunca tentar questionar o que está sendo mostrado. Fala sobre o sumiço, sobre os primeiros passos da investigação, sobre as primeiras descobertas e, enfim, a resolução do caso. Não tem a trama entrecortada (e interessante) de Don't Fuck With Cats e, ainda menos, as imagens de Cenas de um Homicídio.


Desaparecida: O Caso Lucie Blackman não tem nada que traga cinema e diferencia o documentário de uma reportagem para um jornal para televisão -- a não ser sua duração. E pior: se o filme fosse um episódio de série de 30 ou 40 minutos, já estaria mais do que bom. Os parcos 82 minutos do documentário se tornam longos, longuíssimos, pela falta de história.


E assim, o longa-metragem não convence, não empolga, não emociona. A história de Lucie é forte e revoltante, mas o documentário não consegue trazer nenhum traço emocional para além de uma reportagem de jornal. Será que, enfim, estamos chegando ao fim da era true crime?

 

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