Toquem os tambores! Chegou o momento de revelar os melhores filmes de 2022 -- um ano de altos e baixo, mas com algumas pérolas especiais no caminho. Obviamente, não deixa de ser uma polêmica. Alguns preferem um título, uns preferem outro. É uma seleção consciente, em que damos notas específicas para cada título, e apresentamos esses filmes como forma de diálogo com o público. Não desejamos definir em silêncio, mas sim como um início de conversa.
Por isso, fica o convite: deixe nos comentários quais são os seus filmes preferidos de 2022. E se quiser saber nossas escolhas do passado, confira nossa seleção de 2021, de 2020, de 2019, de 2018 e, enfim, a nossa primeira lista do tipo, os melhores filmes do já longínquo ano de 2017.
12. O Chef
Título: O Chef
Direção: Philip Barantini
Elenco: Stephen Graham, Vinette Robinson, Alice Feetham
Nota do filme: 8,2
1. Originalidade: 7,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 8,0
4. Atuações: 8,0
5. Caráter Mobilizador: 8,0
Justificativa: Começamos nossa lista com um filme pouco comentado, mas que merece entrar em qualquer lista de melhores do ano: O Chef. Aqui, o diretor Philip Barantini -- que já trabalhou em cozinhas profissionais -- mostra sua visão de mundo sobre a gastronomia com um filme que mergulha no cotidiano de um chef atormentado (seja pelos compromissos familiares, pelos problemas no restaurante, pela pressão por seu trabalho). A partir daí, ele chega em ponto de fervura. Feito em plano sequência, o filme arrepia e mostra toda a sua qualidade técnica.
11. Top Gun: Maverick
Título: Top Gun: Maverick
Direção: Joseph Kosinski
Elenco: Tom Cruise, Miles Teller, Val Kilmer, Jennifer Connelly
Nota do filme: 8,4
1. Originalidade: 7,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 9,0
4. Atuações: 8,0
5. Caráter Mobilizador: 8,0
Justificativa: A maior bilheteria do ano é, também, um dos filmes mais empolgantes de 2022 -- senão o mais. Top Gun: Maverick soube conciliar bem a nostalgia de trazer de volta personagens do passado com uma histórias com momentos marcantes, principalmente por conta da presença de Tom Cruise. Ele, seguindo um costume que só ganhou força nos últimos anos, dispensa dublês e faz cenas de acrobacias dentro de aviões, levando realismo nunca antes visto para as telas do cinema de ação. Um filme divertido, empolgante e emocionante. Crítica AQUI.
10. O Verdadeiro Roubo do Século
Título: A Verdadeira História do Roubo do Século
Direção: Matías Gueilburt
Nota do filme: 8,4
1. Originalidade: 8,0
2. Qualidade Técnica: 9,5
3. História: 9,0
4. Entrevistas: 9,5
5. Caráter Mobilizador: 6,0
Justificativa: Dentre os documentários true crime lançados no streaming, nenhum chega perto de A Verdadeira História do Roubo do Século. Aqui, acompanhamos a história de um grupo que fez um roubo inacreditável de um banco argentino. É como se fosse La Casa de Papel da vida real. Além de ser muito bem contada, a história também surpreende por alguns artifícios adotados pelo diretor Matías Gueilburt que traz um final maravilhoso. Crítica completa aqui.
9. Fédro
Título: Fédro
Direção: Marcelo Sebá
Elenco: José Celso Martinez Corrêa, Reynaldo Gianecchini Nota do filme: 8,4
1. Originalidade: 9,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 6,0
4. Atuações: 9,0
5. Caráter Mobilizador: 8,0
Justificativa: Talvez este nono colocado seja um dos (injustamente) menos comentados de 2022. Fédro, longa no Star+, traz o reencontro de Zé Celso com seu pupilo Reynaldo Gianecchini, décadas depois que o ator global saiu da companhia de teatro de Zé para alçar voos próprios. Além da boa sacada de relacionar esse reencontro com o texto Fédro, de Platão, o longa-metragem conta com uma magia própria com Zé Celso e Gianecchini em cena. Crítica AQUI.
8. Cow
Título: Cow
Direção: Andrea Arnold
Nota do filme: 8,5
1. Originalidade: 10,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 6,0
4. Caráter Mobilizador: 8,0
Justificativa: Antes, uma explicação: por não ter sequer entrevistados, Cow não conta com uma das notas -- que, neste caso, seria de entrevista. Fica com quatro conceitos. E isso, aliás, já eleva a nota de originalidade. O longa-metragem de Andrea Arnold (Docinho da América) escancara os bastidores de uma fazenda de leite, mostrando o tratamento desumano dispensado à uma vaca que vive por lá. É um documentário cru e realista, sem qualquer tipo de distração, que traz um dos finais mais duros de assistir do ano. Assim como Safári, nunca mais quero ver. Crítica AQUI.
7. Pig
Título: Pig
Direção: Michael Sarnoski
Elenco: Nicolas Cage, Alex Wolff, Adam Arkin Nota do filme: 8,6
1. Originalidade: 9,0
2. Qualidade Técnica: 8,5
3. História: 7,0
4. Atuações: 10,0
5. Caráter Mobilizador: 8,5
Justificativa: Não poderia faltar Nicolas Cage na lista de melhores do ano. Além do bom O Peso do Talento, Pig se tornou um acerto de destaque em sua carreira -- e um dos melhores filmes do ano. O filme conta a história de Rob (Cage), um homem solitário que vive apenas com a companhia de sua porca caçando trufas, iguaria apreciada na gastronomia. Só que toda sua vida muda de uma hora para outra quando o animal é sequestrado. A partir daí, o filme mostra que não é um novo John Wick, mas uma pérola sobre memória, vingança e luto. Crítica AQUI.
6. Noites Brutais
Título: Noites Brutais
Direção: Zach Cregger
Elenco: Georgina Campbell, Bill Skarsgård, Justin Long
Nota do filme: 8,7
1. Originalidade: 10,0
2. Qualidade Técnica: 8,0
3. História: 9,0
4. Atuações: 8,5
5. Caráter Mobilizador: 8,0
Justificativa: E o melhor filme de terror do ano -- e um dos melhores filmes, no geral -- é Noites Brutais. Zach Cregger brinca com a quebra de expectativas ao matar personagens sem restrições e, principalmente, por deixar o público no escuro a maior parte do tempo. Mas quando abraça o terror de verdade, com um monstro inesperado, o filme ganha toda a potência que precisava ao mergulhar no psicológico dessa criatura. A última cena, aliás, é de uma beleza que ninguém poderia esperar. É um filmaço. Emocionante, divertido, assustador. Tudo bem feito.
5. Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental
Título: Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental
Direção: Radu Jude
Elenco: Katia Pascariu, Claudia Ieremia, Nicodim Ungureanu Nota do filme: 8,6
1. Originalidade: 10,0
2. Qualidade Técnica: 9,0
3. História: 6,5
4. Atuações: 9,0
5. Caráter Mobilizador: 8,5
Justificativa: Esta talvez seja a presença mais polêmica da lista. Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental, vencedor de Berlim em 2021, começa com um cena de sexo explícito. É estranho, quase desconfortável. Até que entendemos: aquela sequência é, na verdade, como se fosse um vídeo amador. Logo depois disso, Radu Jude mostra as reações de uma sociedade hipócrita com o vazamento daquele vídeo e como isso impacta a vida da protagonista. Brilhantemente conduzido, o filme expõe como nossa sociedade está cada vez mais doente. Crítica AQUI.
4. Titane
Título: Titane
Direção: Julia Ducournau
Elenco: Vincent Lindon, Agathe Rousselle, Garance Marillier
Nota do filme: 8,7
1. Originalidade: 8,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 8,0
4. Atuações: 9,0
5. Caráter Mobilizador: 8,5
Justificativa: Um dos filmes mais incômodos de 2022, Titane lembra o melhor de David Cronenberg ao contar a história de uma mulher que está virando máquina. É um filme potente e provocativo e que, apesar de repetir uma temática que já foi abordada em outros filmes de maneira bem semelhante, consegue trazer uma discussão contemporânea importante com as atuações de luxo de Vincent Lindon e Agathe Rousselle. Um filmaço de 2022. Crítica AQUI.
3. A Pior Pessoa do Mundo
Título: A Pior Pessoa do Mundo
Direção: Joachim Trier
Elenco: Renate Reinsve, Anders Danielsen Lie, Herbert Nordrum Nota do filme: 9,0
1. Originalidade: 8,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 8,0
4. Atuações: 9,0
5. Caráter Mobilizador: 10,0
Justificativa: Delicadeza em forma de filme. A Pior Pessoa do Mundo acerta em cheio ao falar sobre uma jovem que tenta acertar e seguir o caminho mais esperado na jornada de sua vida, mas sempre acaba tomando decisões inesperadas e/ou precipitadas. Com uma atuação certeira de Renate Reinsve, o longa-metragem norueguês volta a mostrar duas coisas: Trier é um dos grandes cineastas em atividade e ninguém consegue segurar o cinema nórdico. Crítica AQUI.
2. A Tragédia de Macbeth
Título: A Tragédia de Macbeth
Direção: Joel Coen
Elenco: Denzel Washington, Frances McDormand Nota do filme: 9,0
1. Originalidade: 8,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 10,0
4. Atuações: 10,0
5. Caráter Mobilizador: 7,0
Justificativa: E não tem pra menos: A Tragédia de Macbeth é o segundo melhor do ano. Dirigido de maneira solitária por Joel Coen, que geralmente conta com a presença do irmão Ethan, essa adaptação da clássica história de Shakespeare ganha contornos poéticos com uma direção de arte e fotografia que amplificam a experiência e deixam tudo mais interessante. Isso sem falar das atuações de Washington e McDormand, que apenas engrandecem ainda mais um filme que já tinha tudo pra dar certo -- apesar da esnobada injusta no Oscar de 2022. Crítica AQUI.
1. Red Rocket
Título: Red Rocket
Direção: Sean Baker
Elenco: Simon Rex, Bree Elrod, Suzanna Son Nota do filme: 9,4
1. Originalidade: 8,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 10,0
4. Atuações: 10,0
5. Caráter Mobilizador: 9,0
Justificativa: Filme que chegou silenciosamente no streaming, mas que é de um diretor velho conhecido nosso -- Sean Baker, que já apareceu no primeiro lugar da nossa lista com o maravilhoso Projeto Flórida. Red Rocket, assim como os dois filmes anteriores do cineastas, falam sobre a mesma coisa: a desconstrução do sonho americano. Aqui, ele sai dos hotéis à beira da estrada da Flórida e parte para o Texas, onde fala sobre um ex-ator pornô que quer (e precisa) de uma nova vida. Além da atuação marcante de Simon Rex, injustamente ignorado no Oscar de 2022, o filme conta com algumas das cenas mais emblemáticas do ano -- o momento da montanha-russa, quando o protagonista é confrontado com uma verdade, é maravilhoso.
Menções honrosas: Morte. Morte. Morte; RRR; Mães Paralelas; A Ilha de Bergman; Entergalactic; Avatar: O Caminho da Água; Batman; Paris 13º Distrito; A Viagem de Pedro; Carvão.
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